sexta-feira, 22 de julho de 2011

FRANÇOIS MENDRAS


Nasceu em 1962 –  Paris, França
Vive e trabalha em Paris, França
 Donald agressivo e provável Mickey, arabesco, rosácea, motivos ornamentais abstractos, ervas, Fénix multicolor, arco-íris, rato branco, avião, Chapeuzinho Vermelho, lobo; não é fácil, de modo algum, discernir na obra de François Mendras uma temática bem definida, nem sequer um estilo reconhecível. O artista, na verdade, desliza sobre um registo de imagens catárticas que implica memória pessoal e cultura hertziana. A técnica utilizada é a mais clássica possível, ou seja, cera sobre madeira, mas com procedimentos diversificados que se empenham em justapor um trabalho de pintura bem controlada a outro mais « naïf » e de uma fingida imperícia. Fa presto, realismo simplificado, intenções deslocadas caracterizam a heterogeneidade e a ambiguidade deliberadas da intenção. Formas geométricas básicas, rigorosos, oriundas da arte construtivista ou da abstracção lírica, do gótico e do contemporâneo, são desorientadas por representações faceciosas decalcadas na banda desenhada ou nos contos de fadas. Na clivagem dos estilos – o mais e o menos elevado –, na mixagem dos géneros, a obra constroi-se na encruzilhada de citações em que se verifica o entrechoque de grande número de referências, aparentemente, sem vínculos coerentes: a simetria e sua quebra, o tratamento dos temas e dos fundos, a cor além do preto e branco, o horizontal e o vertical, o tabuleiro de xadrez em que se assiste ao confronto entre mito e banal.[…]

Estratagema ou não, a obra de François Mendras é a afirmação e a demonstração de sua concepção individual e de um real intemporal. As imagens obsessivas regurgitadas na parte inconsciente da pintura contribuem para alimentar a visão projectiva de uma modernidade colectivamente fantasmada.

Frédéric Bouglé
(extractos do texto publicado em « François Mendras », edição de Creux de l’Enfer)

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